terça-feira, 27 de julho de 2010

Mais uma manhã chuvosa, um dia como outro qualquer, a não ser pelo fato de que seria o primeiro dia de aula do segundo semestre...
As férias acabaram, e ela ainda não tinha se dado conta que nada seria como antes... Até sabia, mas existe uma grande diferença entre imaginar e viver.
Levantou, olhou o relógio, era cedo. Fazia tempo que não acordava cedo em um dia comum... Talvez no fundo estivesse ansiosa para o primeiro dia... Tinha esperança, apesar de saber que ele não estaria lá, esperava. Acostumou assim... Como esquecer todas aquelas vezes em que contou os dias para a volta as aulas, só para vê-lo, nem que fosse de longe... Para vê-lo sorrir, para vê-lo andar pelos corredores...
Chegou a noite, hora da aula... Entrou na universidade quase vazia, fazendo o percurso de sempre. Até aí, tudo normal... Mas quando passou pela lanchonete, virou-se para o lado esquerdo, olhando para o lugar onde se conhecerem, lembrou de uma das conversas que tiveram ali, e chegou a sorrir. Uma saudade boa, uma vontade de repetir... Lembrou-se que era observada por algumas poucas pessoas que passavam e continuou andando.
Subiu as escadas (aquela escada era testemunha de muitos “ois”, sorrisos, tremedeiras...), mas até aí estava bem... Até que, chegando lá em cima, pode observar todas as salas do lado direito com as luzes apagadas... Aquilo doeu, continuou andando, foi em direção a sala... Antes de entrar, olhou para a porta que ficava quase em frente da sua... Sala C06... Fechada. Lágrimas surgiram em seus olhos. Uma vontade de chorar... Mas não podia... Segurava o choro enquanto lembrava-se de todas as vezes que o viu saindo dali...
Um colega sai de sua sala e acaba flagrando-a ali sozinha no corredor. Ela desperta dos seus pensamentos, disfarça, tenta sorrir e responder ao caloroso “oi”... Ele a arrasta para a sala.
Na saída, enquanto espera os amigos no corredor, olha para as salas vazias, escuras... Passa por outras salas, salas nas quais ele também já teve aula... Bloco C, B, D... Salas de vídeo... Todos os lugares possíveis de encontrá-lo durante esses anos, agora estavam fechados... Mas ela sempre se lembraria dele, toda vez que passasse por aquelas salas (principalmente pela C06, que foi a última e que ficava tão próxima da sala dela), toda vez que entrasse na universidade (naquele semestre que seria o último semestre dos dois ali, se ele não tivesse mudado), toda vez que sentasse naquelas mesas (da lanchonete onde se conheceram), ou naqueles bancos (onde já conversaram)... Ele já fazia parte dali... Estava grudado nas paredes, nos corredores... E principalmente, estava grudado na mente e no coração dela.


Abaixo, um texto de Caio Fernando Abreu:
“De repente me passa pela cabeça que a minha presença ou a minha insistência pode talvez irritá-lo. Então, desculpa não insistirei mais. (…) eu queria dizer que eu estava com você, e a menos que você não me suporte mais, continuaria te procurando e querendo saber coisas. Bobagens? pois é, se quiser ria como você costuma rir para se defender. Não estou me defendendo de nada. Estou perguntando a você se permite que eu tenha carinho por você, seu idiota. Olha, não se sinta pressionado por nada disso. Nada te obriga a responder nem nada. Pode ficar em silêncio, se você tiver vontade. Mas estou aqui, continuo aqui não sei até quando, e quando e se você quiser, precisar, dê um toque te quero imensamente bem, fico pensando se dizendo assim, quem sabe, de repente você até acredita. Acredite.”

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