quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Chuva


No ônibus...
Madrugada, chuva forte, relampagos tão fortes que mesmo quem fechou as cortinas e não estava olhando a paisagem podia ver a claridade que entrava pelos vidros das janelas vizinhas.
Não tinha ninguém sentado na poltrona ao lado da minha, e eu desejei que ele estivesse ali... Mas sabia que isso não era possível.
Fazia um friozinho, todos dormiam... Coloquei os pés em cima da poltrona e continuei olhando a paisagem e lembrando de coisas bobas que aconteceram durante esses quase 3 anos... Lembrei também de quantas vezes ouvi "não posso", "vou ver"... Lembrei da cena de terça... A ficha caiu aquele dia. Eu nunca vou ser suficiente para ele. O amor que eu sinto só atrapalha porque ele tem medo. Medo de me dar esperanças, medo de que esse amor cresça. E então ele foge. É sempre assim... Quando tudo começa a "se acertar" ele se afasta.
Tudo que eu queria era ele por perto de vez em quando. Não precisava ser sempre. Mas acontece que, eu nunca sei se vai se repetir.
Acabei adormecendo e acordei quando o ônibus parou em um estacionamento de um posto no meio da BR. O lugar era mal iluminado, várias carretas e caminhões parados. A pouca luz entrava pela janela, e era possível ver as gotas de chuva escorrendo pela janela. Tinha uma poça de água que entregava o quão forte a chuva estava. Olhei para os lados e todos dormiam... Lá fora tudo parado... Até que apareceram dois homens empurrando uma caixa d'água e colocando-a em cima de um caminhão. É aí que você percebe que o mundo não para de madrugada, nem com chuva e raios. Os homens sairam e continuei a observar a poça e a àgua escorrendo pelo vidro.
A luz escondia um pouco o clarão dos relâmpagos... Na BR sem luz nenhuma, eles pareciam bem mais fortes. Continuamos a viagem.... Enquanto eu via a chuva, a paisagem, os relâmpagos, o rio... eu pensava nele. E a cena de terça ficava passando e repassando em minha mente. E eu sabia que eu tinha que parar de insistir em uma causa perdida. "Game Over". E isso dói. "Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido".
Tenho que deixar o passado no passado. Acontece que "ainda não passou". E eu sei que nunca vou sentir isso de novo. Fico me perguntando o que fazer... Será que eu consigo controlar? Tenho que conseguir. Além de todo esse cenário que já traz lembranças, saudades e dor, a viagem tinha até trilha sonora: 'Pra você guardei o amor', 'N' (Nando Reia), Por enquanto (Cássia Eller), Avassaladoras (Paulo Ricardo), Não faça assim (Kid Abelha), Ilusion (Julieta Venegas e Marisa Monte), Stop Crying Your heart out (Oasis), Porque eu sei que é amor (Titãs), Segredos (Frejat), Incondicionalmente, Nunca disse Adeus (Capital Inicial), Sozinho (Caetano Veloso)...

-----------------------------------------
"Não me arrependo de nada. Mas vezenquando passa pela cabeça um "ah, podia ter sido diferente!"" (Caio Fernando Abreu)

"(...)repetindo, repetindo, repetindo, como num disco riscado ... o velho texto batido."


"E você diz que tudo terminou, mas qualquer um pode ver... que só terminou pra você." (Renato Russo)

2 comentários:

  1. Enquanto o tempo não transforma as dores do amanhã nas cicatrizes do ontem, resta-nos mesmo nos confortarmos com as canções que a estrada nos oferece.
    Bj

    ResponderExcluir
  2. Não faça assim... não faça nada por mim, não vá pensando que eu sou seu...
    Essa é fantástica! Aliás, que repertório lindo você citou no final! :]

    ResponderExcluir