quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"Essa morte constante das coisas é o que mais dói..."


Quando a saudade aperta demais, você começa a sonhar com a pessoa todas as noites... Talvez uma maneira de tê-la por perto, mas isso só aumenta a vontade de transformar o sonho em realidade, de esquecer tudo e tentar mais uma vez. Mesmo sabendo que pode não dar certo. Aprendi que, quem fica parado não perde mas também não ganha. E por isso me arrisco.

Apostei todas as minhas fichas em um único amor. Já gostei de outras pessoas... Mas amar, amar mesmo, só uma vez.
E não consigo me interessar por mais nada, nem por ninguém...
Minha amiga vive me ofertando o irmão: "Esqueça esse "UREIA" que não te quer e vire minha cunhada (ou, só fique com meu irmão). Ele cozinha, lava a louça, é bonitão, já começou a te ensinar a tocar violão, vai te dar atenção (diferente do "ureia") e ainda ESTÁ AFIM. Aproveite!"

Nessas horas eu tenho ainda mais certeza: "Amor é falta de QI".

Eu simplesmente não consigo! Não consigo me envolver com ninguém... Pode aparecer a pessoas mais perfeita (como parece ser o irmão da minha amiga), eu vou continuar preferindo o "imperfeito". Isso não era um problema, já que, ele apesar de não mostrar interesse, satisfazia alguns dos meus caprichos e ficou comigo 9 vezes.

Acontece que, nessa última vez, a ficha caiu.
Percebi que sou eu quem procura sempre, quem sente falta... (Tá, ele me beija primeiro quando a gente se encontra, mas nunca faz por onde a gente se encontrar). E só fica porque sabe o quanto eu quero.

Ficamos antes da aula (rapidinho... uns 20 minutos), depois ele teve que ir pra sala... Sentei em uma das mesas do mini-shopping com um amigo de mesmo nome que o dele, e justamente daquela mesa eu podia ver o coredor do bloco B... E pude vê-lo passar pelo corredor, subir as escadas (através dos vidros) e andar até a porta da sala para espiar quem estava lá. Nessa hora me senti de volta a lanchonete do campus I... De volta ao "observar de longe"... Eu o observava sempre (até ele mudar de campus). Era como se tivesse um ímã... que puxava minha atenção. Eu até cheguei a sorrir lembrando...

Na saída, nos falamos... E ele disse que ia pra academia... Consegui um beijinho... E aí ele parou dizendo que já ia... Eu tentando mantê-lo mais tempo ali dei outro beijo e não ia parar mais... (hehe) Mas ele falou "Tá bom" entre o beijo... Parei. Fiquei calada olhando para baixo. Minha ficha estava caindo. Ia ser pra sempre assim. Eu sempre com sede de mais, e ele sempre "fugindo" sem suprir. (Da última vez ele parecia tãão afim...) Ele é muito inconstante, um dia parece gostar de estar ali... Outro, parece que está me fazendo um favor. Peguei minha bolsa, dei tchau e saí. Saí sem olhar para trás, tive medo de olhar pra trás e deixar um pedaço meu lá, medo de olhar e querer voltar... Ou, de nunca esquecer a cena...

Eu não quero isso pra mim. Preciso parar. E mesmo que eu quisesse continuar nesse "chove não molha", ele ia ficar inventando desculpas por no mínimo um mês ("hoje não dá", "vou ver", "não posso"...), até "estar afim", ou ir só para me satisfazer.
E até quando isso vai durar? Um dia ou dois felizes, e um mês sentindo saudades e esperando...

Eu preciso de mais amor-próprio.

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"Todo o amor que eu sufoquei por excesso de razão agora grita, escapa, transborda. Estou só numa multidão de amores, assim como Dylan Thomas, assim como Maysa, assim como milhões de pessoas; assim como a multidão de amores está só, em si. Demonstro minha fragilidade, meu desamparo. Eu não procuro alguém pra pentencer e ter posse, só quero uma fonte segura de amor que não dependa das obrigações, das falas decoradas, dos scripts prontos. Eu sei que eu abri mão de várias oportunidades. Sei que fiz pouco caso do amor que me entregaram de maneira pura e gratuita, só porque eu achava que podia encontrar coisa melhor. Se as pessoas estão sempre indo e vindo, eu só queria alguém minimamente eterno em sua duração, que me fizesse parar de achar normal essa história de perder as pessoas pela vida.
Vou embora querendo alguém que me diga pra ficar. Estou sempre de partida, malas feitas, portas trancadas, chave em punho. No fundo eu quero dizer "Me impede de ir. Fica parado na minha frente e fala que eu tenho lugar por aqui, que não preciso abandonar tudo cada vez que a solidão me derruba. Me ajuda a levar a vida menos a sério, porque é só vida, afinal." E acabo calada, porque não faz sentido dizer tudo isso sem ter pra quem." (Verônica Heiss)

"Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões." (Clarice Lispector)

"Aperta minha mão e me diz que eu posso deixar tudo isso pra trás sem tanta dor." (Tati Bernardi)

"Ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim."
"E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos." (Caio Fernando Abreu)

Um comentário:

  1. "Em amor é um erro falar-se de uma má escolha, uma vez que, havendo escolha, ela tem de ser sempre má."
    (Marcel Proust, em "A Fugitiva")

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